sexta-feira, 5 de março de 2010

DISTÂNCIA

A chuva tamborila na vidraça.
E seu ritmo provoca em mim um estado de quase sonolência.
Cerro os olhos.
Deixo o mundo diluir-se na penumbra que envolve meu quarto.
Agora não mais estou só.
A saudade chegou.
Ela palpita dentro de mim,
Como um ser invisível, mas real.
Tenho medo de pensar.
Pensando tenho medo de sofrer.
As vezes tenho recordações,
E as recordações vão se levantando uma a uma,
Como um conjunto de fantasmas.
Tudo começa a reviver...
Agora não é mais um quarto desolado e triste.
É um jardim, um chafariz marulhante.
Você surge de repente, e a primavera parece vir com você.
O sol faz brilhar seus cabelos.
A brisa toca seu rosto.
Sinto inveja do sol.
Tenho raiva da brisa.
De repente você me olha.
É é como se um sol particular tivesse nascido prá mim.
Estremeço de emoção.
Você se aproxima e fala,
E toda a música do mundo nasce num jogo maravilhoso.
O ritmo da chuva na vidraça me faz voltar à realidade.
Meu quarto está novamente vazio.
Lembro-me de quando nos nós conhecemos.
Nunca nós dissemos que nós amávamos.
E, de todo o nosso romance, a única palavra com real intenção,
Foi o adeus.
Sei que o amanhã virá e renascerá outra primavera.
Mas não será a mesma que nós viu sorrindo
Pelos caminhos do mundo,
Que sentiu a força palpitante do nosso amor.
Estarei só.
Somente lá fora há primavera.
Pois em meu coração,
Há um inverno constante...

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